Se você perguntar para a maioria das pessoas onde gostariam de passar o último dia de vida, a resposta mais comum será: em casa. Essa ideia é reforçada por filmes, novelas e histórias que romantizam a morte no lar como o cenário ideal.
Mas será que isso reflete a realidade?
Doenças crônicas como DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer ou insuficiência renal frequentemente trazem sintomas intensos e desafiadores no fim da vida: dor, falta de ar, delírio. Nessas situações, garantir o alívio dos sintomas e o cuidado adequado nem sempre é possível em casa, especialmente considerando a falta de assistência 24 horas e o suporte emocional necessário para os familiares.
Essa foi uma reflexão que vivi de perto recentemente. Minha avó faleceu em casa. A família deu tudo de si para oferecer o melhor cuidado, mas foi extremamente desafiador. Houve momentos em que me questionei: será que ela sofreu demais? Fizemos o melhor que podíamos, mas o manejo dos sintomas e o desgaste emocional foram enormes.
No meu trabalho, oriento as famílias com uma frase que se tornou essencial para mim:
“Ficamos em casa enquanto conseguimos cuidar com dignidade e suporte.”
Porém, nem sempre essa escolha é viável, especialmente diante das limitações da realidade do nosso país.
Onde é, então, o melhor lugar para morrer?
A resposta é: o melhor lugar para morrer é onde se tem o cuidado necessário. Isso inclui:
· Alívio dos sintomas: garantir conforto físico e emocional.
· Cuidado digno: preservar a dignidade até o último momento.
· Apoio emocional: para o paciente e para os familiares que enfrentam essa despedida.
· Equipe preparada: profissionais capacitados para lidar com o momento.
· E esse lugar pode ser a casa, mas também pode ser o hospital.
Muitas vezes, o hospital é o espaço onde podemos oferecer suporte mais eficaz diante de situações desafiadoras. O mais importante não é o local físico, mas o cuidado que envolve o fim da vida.
Importante os profissionais de saúde saberem identificar e manejar o Fim de Vida.
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